Crise em asilo de Contagem: idosos resgatados em condições degradantes e duas mortes sob investigação
A Polícia Civil de Minas Gerais prendeu nesta quinta-feira (29) o responsável pelo asilo Lar Vovó Maris, em Contagem, na Grande Belo Horizonte, após denúncias de maus-tratos e negligência. A instituição, que operava de forma irregular, é alvo de uma investigação que apura a morte de dois idosos em circunstâncias suspeitas.
Ao todo, 30 idosos já foram retirados do local desde o início das fiscalizações, sendo 17 apenas nesta semana. De acordo com a Prefeitura de Contagem, os moradores estavam em situação de abandono: desnutridos, com roupas sujas, problemas graves de higiene e sinais de doenças como escabiose (sarna), piolhos e assaduras. O cenário no interior do imóvel incluía mofo, esgoto a céu aberto, fezes de ratos, alimentos estragados e forte cheiro de urina. A denúncia partiu de uma idosa de 86 anos, que relatou agressões e negligência no atendimento.
O asilo já havia sido interditado em março deste ano e não possuía alvará de funcionamento. Apesar disso, continuou operando irregularmente. Há suspeita de surtos de leptospirose e sarna entre os residentes, que conviviam em ambiente insalubre e com equipe reduzida — apenas duas cuidadoras sem apoio noturno para mais de 30 internos.
A morte de dois idosos, ocorridas nos dias 13 de janeiro e 6 de maio, está sob apuração. No primeiro caso, um idoso foi encontrado pelo Samu com sinais claros de maus-tratos. No segundo, uma médica se recusou a emitir o atestado de óbito após notar um ferimento suspeito na testa da vítima e inconsistências nos relatos dos funcionários. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML), e a profissional apontou indícios de omissão de socorro.
Daniel Júlio Gomes, de 42 anos, administrador do Lar Vovó Maris, foi detido e deve responder por maus-tratos e apropriação indébita. Ele já enfrenta outras ações judiciais por negligência e descumprimento de decisões legais relacionadas à gestão do asilo.