Assassino de Marielle Franco confessa o crime e afirma que poderia lucrar R$ 100 milhões com a morte da ex-vereadora
Em depoimento à polícia, o ex-policial militar Ronnie Lessa confessou sua participação nos assassinatos da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. Lessa afirmou que o crime seria muito lucrativo, pois os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão ofereceram a ele e a seu comparsa Macalé (o ex-PM Edmilson de Oliveira, morto em 2021) um loteamento clandestino na zona oeste do Rio de Janeiro como pagamento pela execução de Marielle.
“Era muito dinheiro envolvido. Na época, ele falou em R$100 milhões que, realmente, as contas batem. R$100 milhões seria o lucro do loteamento. São 500 lotes de cada lado. Na época, daria mais de US$20 milhões”, disse Lessa. Ele ainda citou que a proposta gerou um impacto, pois não é algo comum. “Foi um impacto. Ninguém recebe uma proposta de receber US$ 10 milhões simplesmente para matar uma pessoa”.
Lessa afirmou que no loteamento clandestino haveria exploração de serviços como “gatonet”, venda de gás e transporte de moradores. Ele apontou os irmãos Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), e Chiquinho Brazão, deputado federal, como mandantes dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes. Lessa destacou que não foi contratado como assassino de aluguel, mas chamado para uma sociedade. Segundo ele, encontrou-se três vezes com os mandantes na Barra da Tijuca, onde discutiram a motivação para matar Marielle, vista como “pedra no caminho” por convocar reuniões para impedir adesão a novos loteamentos da milícia.
“Foi isso que Domingos nos disse: ‘A Marielle vai atrapalhar, e vamos seguir com isso. Para isso, ela tem que sair do caminho’”, relatou Lessa, citando Domingos Brazão. Lessa ainda não foi condenado, mas está preso na Penitenciária Federal de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, desde dezembro de 2020. Sua delação foi homologada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em março deste ano.
