56 mulheres sergipanas disputam as 8 vagas na Câmara Federal

56 mulheres sergipanas disputam as 8 vagas na Câmara Federal

Sergipe nunca elegeu uma deputada para compor a bancada em Brasília

Em Sergipe, 56 candidatas estão em campanha tentando ocupar espaço na Câmara dos Deputados. A luta é considerada árdua, pois em toda a história das legislaturas nenhuma mulher conseguiu ser eleita para representar o Estado em uma cadeira na Casa Parlamentar, em Brasília. Este ano, estão concorrendo as oito vagas na Câmara 152 candidaturas, sendo 56 mulheres e 96 homens – conforme os dados levantados junto ao portal do TSE – Tribunal Superior Eleitoral,

A informação chama atenção, afinal o quantitativo masculino é maior do que o feminino. O curioso de tudo isso é que, diferente da realidade do cenário do eleitorado de Sergipe – e também do país –, a maioria é composto por mulheres. No Estado, são 53% contra 47%. Mas, como registram as candidatas que atuam na política, no momento do voto o público feminino ainda resiste a depositar a confiança para exercer um mandato eletivo. 

A candidata Professora Sônia Meire (Psol) destacou a dificuldade de sobressair num mundo tão masculino – principalmente na vaga para a Câmara dos Deputados. “Nós quando nos colocamos na política não é só pelo fato de ser mulher. É para mostrar que nós também podemos nos defender e lutar pelos nossos direitos. As mulheres têm suas pautas negligenciadas na Câmara. Em Sergipe, temos sim mulheres preparadas e que estão se colocando à disposição”, comentou. Sônia Meire acrescentou ainda que o “país é misógino”. “Vivemos num país machista e que sempre colocou que o nosso lugar é no espaço privado. Mas, não é! Nosso espaço é no lugar público também. Precisamos estar presentes nos debates daquela Casa”, apontou.

Assim como Sônia, a candidata Eliane Aquino (PT) frisou a importância das mulheres entenderem o espaço na política. “A diferença dos homens e das mulheres nessa disputa é algo assustador. Ainda se tem uma visão muito machista com relação a mulher na política. Ainda é preciso falar das pessoas que tem a cara do Brasil. São mulheres, negros, pessoas com deficiência e a gente ainda não tem essa representação. As campanhas são muito caras e financiamento acaba sendo algo complicado”, comentou.

Eliane reforçou ainda as diferenças de atuação. “Principalmente se a mulher tiver filhos, trabalha fora e tem uma casa para cuidar. Homens quando políticos eles cuidam da política e nós não. Ontem [segunda-feira], por exemplo, eu fui para Lagarto e estava fazendo campanha, mas aproveitei para fazer a feira de casa. Não existe homem político que faz a campanha e também a feira, eu escutei isso de uma feirante. A gente cuida 90% da vida das nossas casas. Não adianta a gente falar do discurso empoderado, sendo que nas questões práticas nós ainda estamos distantes”, opinou.

Numa tentativa de chamar a atenção do eleitorado, a candidata Delegada Katarina (PSD), por exemplo, utiliza as redes sociais para destacar a necessidade de mulheres na Câmara dos Deputados. Ela coloca a campanha eleitoral com viés de “força para lutar pela primeira vaga de uma mulher sergipana como deputada federal”. Mulher suplente Pelo portal da Câmara dos Deputados, o JC pesquisou que das oito cadeiras que compõem a bancada sergipana foi apenas na legislatura 51ª que o Estado contou com a presença de uma mulher. Todavia, a vaga foi ocupada por uma suplente – ou seja, não sendo eleita diretamente pela população.

À época, conforme o conteúdo exposto na Câmara, Tânia Soares – que era filiada do PCdoB durante o exercício do mandato – foi a única que conseguiu estar como deputada federal. Na legislatura, do período de 1º de fevereiro de 1999 a 31 de janeiro de 2003, ela ocupou um curto espaço de tempo, após o afastamento de Marcelo Déda (PT) que cumpria o exercício de prefeito de Aracaju. Quase 20 anos depois, as 56 candidatas tentam o feito histórico de serem as primeiras eleitas para a Câmara.

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